Vídeo: Padre evita falar nome de bebê durante batismo e motivo espanta: “Era a an…Ver mais

Situações envolvendo fé, cultura e identidade costumam provocar discussões apaixonadas. Quando tradições religiosas encontram escolhas individuais de famílias, a tensão entre normas litúrgicas e diversidade cultural pode vir à tona. Foi exatamente o que aconteceu recentemente no Rio de Janeiro, em um episódio que repercutiu muito além dos limites de uma paróquia do Leblon, zona sul carioca.
Durante uma cerimônia de batismo, um padre teria se recusado a pronunciar o nome da bebê em determinados momentos do sacramento. Em vídeos gravados por familiares, o sacerdote se refere à criança como “a filha de vocês” ou “a criança”, sem mencionar Yaminah, nome escolhido pelos pais.
A mãe, Marcelle Turan, relatou que o religioso sugeriu adicionar “Maria” antes do nome, argumentando que Yaminah não teria origem cristã e estaria ligado a outros cultos religiosos.
A família, porém, manteve a escolha. O episódio foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), sob suspeita de preconceito religioso e cultural.
“Nos sentimos desrespeitados num momento que deveria ser de alegria e celebração”, declarou Marcelle a veículos locais.
A Arquidiocese do Rio, em nota oficial, afirmou que o batismo foi realizado de forma válida e destacou que o nome da criança não é mencionado em todos os momentos da liturgia, aparecendo apenas em trechos específicos.
A instituição também frisou que padres podem sugerir nomes ou acréscimos por razões pastorais, mas que essa orientação não é obrigatória.
Apesar da explicação, o caso levantou questionamentos sobre até que ponto a tradição pode se sobrepor às escolhas pessoais. A discussão ganhou as redes sociais, dividindo opiniões entre aqueles que defendem a liberdade dos pais e os que argumentam pela preservação de práticas tradicionais.
A polêmica também trouxe curiosidade sobre o nome Yaminah. De origem árabe, ele deriva da palavra “Yameen”, que significa “lado direito”, simbolizando o caminho da retidão. Com o sufixo feminino, passa a ser interpretado como “aquela que é abençoada” ou “afortunada”. Para os pais, a escolha carrega valores de justiça, prosperidade e fé na vida da filha, reforçando o desconforto com a atitude do sacerdote.
O padre responsável pela celebração, por sua vez, nega ter omitido o nome e afirma que pronunciou “Yaminah” conforme previsto no rito. Segundo ele, a sugestão de acréscimo de “Maria” foi apenas um conselho pastoral. Ainda assim, a divergência entre a percepção da família e a posição do religioso segue alimentando o debate público.
Mais do que um conflito pontual, o episódio abriu espaço para reflexões sobre o equilíbrio entre respeito à tradição e a necessidade de acolher a diversidade cultural que compõe a realidade brasileira. Em uma sociedade plural como a nossa, a fé, para muitos, é também um espaço de identidade e pertencimento.