[VÍDEO] Nego Di admite que mentiu sobre doação de R$ 1 milhão às vítimas das enchentes no RS

O humorista Dilson Alves da Silva Neto, mais conhecido como Nego Di, concedeu uma entrevista ao jornalista Roberto Cabrini no ‘Domingo Espetacular’ desta semana (15), após ser condenado a 11 anos e 8 meses de prisão por estelionato. O ex-BBB está cumprindo medidas cautelares em Palhoça, na região metropolitana de Florianópolis, onde ocorreu a conversa.
Nego Di no Domingo Espetacular – Foto: Reprodução
Em entrevista ao programa da Record, o humorista alegou ter sido enganado por seu ex-sócio, Anderson Bonetti, a quem chamou de “estelionatário profissional”. Segundo Nego Di, ele também foi vítima da fraude e não teve a intenção de aplicar golpes.
Enganado
A condenação envolve 16 vítimas identificadas em Canoas (RS), apesar do inquérito original ter apontado mais de 300 consumidores lesados pela loja virtual ‘Tadizuera’,que vendia produtos sem entrega. “Eu tenho consciência de que, através de mim, um estelionatário acabou enganando pessoas… E eu gostaria de dizer que sinto a dor dessas pessoas porque vim do mesmo lugar delas”, afirmou.
“Eu comecei a minha vida no fundo do poço. Sou filho único, de mãe solteira. Morei a vida inteira de aluguel, fui despejado várias vezes. Consegui ascender e, quando eu achei que estava no meu melhor momento, e realmente estava, a minha vida desabou”, apontou ele, citando sua prisão no ano passado.
“A loja não era minha. Eu confiei numa pessoa que eu não conhecia direito, ele é um estelionatário profissional, não dá golpezinho. Eu queria que as pessoas comprassem porque eu também acreditava nele”, se defendeu Dilson, que em suas postagens afirmava ser dono da loja. “Ele tinha feito uma proposta para que eu fosse sócio dele, mas nunca me mandava os contratos”.
“Quando eu descobri que era um golpe, eu coloquei a cara dele nas redes, porque ninguém conhecia, ele não era uma pessoa pública como eu. Eu botei a cara dele, falei onde ele morava, expus a esposa dele, aí ele parou de me responder. Todo mundo me chamou de golpista, de estelionatário, e três anos depois ele vem pedir desculpas e falar que foi sem querer?”.
Doação mentirosa
Questionado por Cabrini, ele também comentou sobre a polêmica envolvendo a promessa de doar R$ 1 milhão às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul – valor que nunca foi doado. Segundo Nego Di, o montante anunciado foi simbólico, com o objetivo de incentivar mais doações: “Foi uma mentira que fez diferença no Estado”.
“Essa história precisa ser contextualizada. Porque ela causou mais impacto na minha vida do que a minha prisão. Me processaram por uso de documentos falsos, sendo que não existe alguém lesado por isso”, se esquivou ele, que explicou: “Teve uma ideia de criar um comprovante simbólico de R$ 1 milhão. Eu doei metade desse valor e acordei de pagar o resto parcelado”.
“Pega mal pra mim, eu admito, mas do jeito que o Estado estava, com pessoas embaixo d’água, perdendo a dignidade, a vida… Em uma semana, a vaquinha saiu de R$ 50 milhões para R$ 80 milhões. Pode ser que eu tenha me precipitado, mas foi uma mentira que fez uma diferença no Estado. E eu não fiz da minha cabeça, eu conversei com os organizadores da vaquinha, e eles aceitaram”, justificou o ex-BBB.
Período na prisão
O humorista passou mais de quatro meses preso preventivamente na Penitenciária Estadual de Canoas. “Eu estava sendo transportado numa viatura, algemado, vendo o mundo pelo vidro de um camburão. Pra mim, aquilo foi uma vergonha. Eu fui para o pior lugar que o ser humano pode ir, que é a prisão. Pior que isso, acho que só o cemitério“, afirmou o comediante, que emagreceu 33 quilos enquanto estava preso. “Eu cheguei a ficar 72 horas seguidas sem comer nada. Eu estava deprimido, tinha que tomar remédio pra dormir e remédio pra acordar”.
Justiça
Ele afirmou ter crises de consciência pelas vítimas. “Isso é um fantasma que me acompanha desde 2022, quando se deu o fato da loja. Eu não consigo não pensar nisso quando estou na rua. Quando uma pessoa me olha, eu não sei se é um fã, se é alguém que comprou um produto… Quando alguém quer me ofender, me chama de estelionatário e de ex-presidiário. Eu preciso ser tratado com Justiça”, sentenciou.
“Eu me arrependo de ter feito um negócio com ele, de ter confiado nessa pessoa. Eu estava sendo enganado! Mas eu não sabia que eu estava sendo enganado também. E isso começou a crescer”, disse ele. Durante a prisão, Nego Di afirmou ter restituído todas as vítimas da loja, com exceção de uma pessoa que teria recusado o reembolso.
Nego Di ainda falou sobre sua pena de 11 anos e oito meses. “Eu vou sair [da cadeia] depois dos meus 40. Eu perco uma parte da minha vida por um crime que eu não cometi. Tem dias que eu acordo e penso: ‘Quando esse pesadelo vai acabar?’. Hoje eu vivo praticamente de nada, tive minhas contas bloqueadas, o restaurante que eu tinha fechou, estou impedido de aparecer nas redes sociais. Quem me sustenta é minha esposa, que é microinfluenciadora e faz algumas publicidades”.