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Apenas duas pessoas compareceram ao enterro do jovem morto por leoa em João Pessoa

Cerimônia de despedida de Vaqueirinho aconteceu na úlima segunda-feira (1).

O sepultamento de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, ocorrido na última segunda-feira (1º) no Cemitério do Cristo, em João Pessoa, expôs de forma dolorosa a trajetória marcada por abandono e vulnerabilidade.

Apenas a mãe, Maria da Penha Machado, e uma prima acompanharam o funeral simples, realizado após o reconhecimento do corpo no IML. A cerimônia rápida refletiu uma vida atravessada por sucessivas falhas da rede de proteção e pela ausência de tratamento adequado para o transtorno mental que o acompanhava desde a infância.

A triste história do jovem morto após ataque de leoa

Conhecido como Vaqueirinho, Gerson foi afastado da família ainda pequeno, depois que a mãe perdeu a guarda de todos os filhos devido ao próprio quadro de esquizofrenia. Enquanto os irmãos foram adotados, ele permaneceu em instituições de acolhimento, constantemente rejeitado por causa dos sintomas psiquiátricos. Relatos da conselheira tutelar Verônica Oliveira mostram que ele fugia com frequência dos abrigos para procurar a mãe, acreditando que poderia ser acolhido por ela, apesar de ambos enfrentarem sérios problemas de saúde mental.

Sem tratamento contínuo, Gerson passou longos períodos nas ruas, dormindo em praças e buscando abrigo até mesmo em prisões, onde dizia se sentir mais seguro. A prima Ícara Menezes destacou que ele temia agressões e, em diversas ocasiões, atirou pedras em viaturas para ser detido. Envolveu-se em pequenos furtos movidos pela fome e apresentava delírios relacionados a animais, chegando a tentar viajar clandestinamente para a África ao entrar no trem de pouso de um avião, convencido de que se tornaria domador de leões. Registros judiciais apontam que ele não compreendia totalmente seus atos, sendo considerado inimputável aos 18 anos.

A morte de Vaqueirinho após invadir jaula de leoa

A morte ocorreu no último domingo (30), quando Gerson entrou no recinto dos leões no Parque Zoobotânico Arruda Câmara. Segundo a prefeitura, ele escalou uma parede de mais de seis metros, ultrapassou as grades de segurança e acessou a área dos animais usando uma árvore, sem ser visto pelos funcionários. Ao entrar no local, foi atacado imediatamente pela leoa Leona. O laudo inicial indica mordidas no pescoço e choque hemorrágico.