URGENTE: Após denunciar a expl0ração !nfantil, FELCA acaba de… Ver mais

O humorista e criador de conteúdo Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, revelou viver uma rotina de segurança reforçada em São Paulo após receber ameaças por conta de suas denúncias nas redes sociais. Durante entrevista ao podcast PodDelas, o youtuber contou que passou a andar com carro blindado e seguranças para se proteger. A medida extrema veio depois de publicar vídeos críticos sobre apostas esportivas divulgadas por influenciadores e, mais recentemente, sobre a exploração da imagem de menores na internet. “Vieram muitas ameaças. Algumas são sobre as bets, outras sobre o vídeo da adultização. Provavelmente vão surgir processos, mas se ninguém fala, nada muda”, declarou.
Felca, que acumula mais de 5,23 milhões de inscritos no YouTube e 13,7 milhões de seguidores no Instagram, tornou-se uma das vozes mais contundentes contra práticas que considera nocivas no ambiente digital. No vídeo “Adultização”, de 50 minutos, ele expõe influenciadores que, segundo ele, abusam da imagem de crianças para gerar engajamento e lucro. Entre as denúncias, cita o caso do influenciador paraibano Hytalo Santos, acusado de exploração de menores. A repercussão foi imediata: apenas no Instagram, o conteúdo já ultrapassou 100 milhões de visualizações, reacendendo um debate urgente sobre a proteção infantil online.
A produção do vídeo exigiu mais de um ano de apuração. Felca entrevistou especialistas, entre eles uma psicóloga de São Paulo especializada em infância, para aprofundar a discussão sobre o fenômeno da adultização. “Foi muito aversivo. Dá vontade de chorar, de vomitar, é terrível ver esse tipo de conteúdo. Mas sem essa gota no oceano, ele seria menor. Então, vale a pena fazer”, afirmou. No material, o youtuber também explica como algoritmos de plataformas digitais acabam favorecendo a propagação desse tipo de conteúdo, atraindo públicos de risco — inclusive pedófilos — para perfis de crianças.
O alerta de Felca encontra eco nas declarações da juíza Vanessa Cavalieri, que em entrevista ao programa Conexão reforçou os perigos da exposição infantil nas redes. Segundo ela, publicar imagens de crianças, mesmo em perfis privados, pode facilitar o acesso de criminosos. A magistrada também destacou o conceito de sharenting, termo usado para descrever a prática de pais que compartilham excessivamente a vida dos filhos na internet. “A imagem dos filhos pertence a eles. Não somos donos do conteúdo só porque eles são pequenos”, disse.
A polêmica ganha força em um momento em que o Congresso Nacional discute novas regras para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital. O Projeto de Lei 2628/2022, já aprovado no Senado e em análise na Câmara, estabelece obrigações para empresas de tecnologia — incluindo redes sociais, jogos online e aplicativos — que tenham usuários menores de idade, mesmo que operem fora do Brasil. Entre os pontos centrais, está a responsabilidade das plataformas em cumprir suas próprias regras de idade mínima, que variam de 13 a 18 anos dependendo do serviço.
Para a juíza Cavalieri, a urgência do tema deve superar divergências partidárias. “Não importa a orientação política, todos concordamos que crianças e adolescentes não devem ser expostos a violência, instigação de automutilação ou assédio sexual. O poder público precisa responsabilizar as empresas que lucram bilhões com esses usuários e que permitem que menores acessem serviços para os quais não têm maturidade”, pontuou. A fala reforça a ideia de que a responsabilidade não é apenas dos pais, mas também das plataformas e do Estado.
Enquanto o projeto de lei segue tramitando, Felca afirma que continuará usando sua influência para provocar reflexões e denunciar práticas nocivas, apesar das ameaças. O youtuber, natural de Londrina (PR), construiu sua carreira no humor e em reações a conteúdos virais, mas agora abraça um papel mais sério e combativo. “A gente não pode se calar. É desconfortável, perigoso, mas necessário”, resume. Sua postura, ainda que alvo de críticas e retaliações, evidencia que o entretenimento digital também pode ser um instrumento de vigilância social — e que, no atual cenário, proteger a infância na internet é uma luta que exige coragem e persistência.
