SC: Buscas por Bianca têm desfecho anunciado, pai se entrega à polícia e fala sobre a motivação do crime

Vinte dias após o desaparecimento da menina Bianca de Freitas Hasse, de 8 anos, o pai dela, Anderson Rafael Hasse, de 40 anos, se apresentou à polícia no estado do Rio de Janeiro. A entrega ocorreu após a divulgação de um vídeo enviado por Anderson ao programa Cidade Alerta, exibido na noite de quinta-feira (20). A aparição do homem e da filha aconteceu pouco tempo depois de uma entrevista com a mãe da criança, exibida pelo jornalismo da Record.

No vídeo enviado, Anderson explicou os motivos que o levaram a sair com a filha sem comunicar ninguém. Segundo ele, a atitude foi tomada para protegê-la, uma vez que, em sua visão, o processo judicial relacionado à guarda da menina teria sido conduzido de forma injusta desde o início.

O pai permaneceu com a guarda de Bianca por três anos, mas perdeu esse direito após decisão judicial que apontou prática de alienação parental. Anderson também declarou que tomou a decisão de fugir com a criança por acreditar estar atendendo a um pedido feito por ela mesma.

Relatou ainda que se sentiu forçado a desaparecer com a filha e buscou um local onde ninguém pudesse encontrá-los. Afirmou não ter antecedentes criminais e insistiu que não se considera um criminoso.

Embora não tenha revelado com exatidão o local onde se encontrava com a menina, garantiu que pretendia se apresentar às autoridades para esclarecer tudo. Segundo o delegado responsável pelo caso, Bruno Fernando, o desaparecimento foi resultado de um plano elaborado por Anderson há cerca de três meses.

A motivação seria a insatisfação por ter perdido a guarda da filha no fim de 2023. Informações colhidas durante a investigação revelam que o homem já havia confidenciado a amigos e familiares a intenção de sumir com Bianca para mantê-la próxima de si.

A Polícia Civil apurou ainda que Anderson vendeu um instrumento musical em São Paulo por R$ 10 mil e insistiu para que o pagamento fosse feito em espécie, evitando qualquer movimentação bancária.

Além disso, ele teria vendido seu carro por um valor muito inferior ao de mercado e contraído um empréstimo de R$ 30 mil. Com isso, teria fugido com uma quantia superior a R$ 60 mil em mãos.

Durante a apuração, o delegado também afirmou que a polícia suspeita do envolvimento de outras pessoas que podem ter auxiliado Anderson na fuga, seja oferecendo abrigo, alimentação ou transporte.

Ele ressaltou que qualquer pessoa que tenha colaborado, direta ou indiretamente, poderá ser responsabilizada pelos mesmos crimes. A Justiça acatou o pedido de prisão temporária de Anderson, com base em acusações de sequestro, cárcere privado e desobediência.

O Ministério Público de Santa Catarina emitiu parecer favorável, e o Judiciário autorizou a prisão por um período inicial de 30 dias. No dia 14 de março, equipes dos Bombeiros Voluntários de Ilhota, acompanhadas de um cão farejador, foram enviadas para o Morro do Baú, último local onde pai e filha haviam sido vistos.

A ação foi coordenada a pedido da Polícia Civil, mas, apesar das buscas intensas, nenhum vestígio de Bianca foi localizado e os trabalhos foram encerrados no mesmo dia.