Morre ex-presidente do Uruguai José Mujica aos 89 anos; causa da morte é revelada

A partida de José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, mergulhou o país e seus admiradores em luto profundo. Mais do que um líder político, Mujica era símbolo de simplicidade, coerência e resistência.

Sua morte, nesta terça, dia 13 de maio, aos 89 anos, encerra uma trajetória marcada por coragem, austeridade e humanidade e deixa um vazio difícil de preencher no coração de quem acreditava na política como instrumento de transformação real.

Nascido em Montevidéu em 1935, Mujica viveu intensamente a história recente de seu país. Ex-integrante da guerrilha Tupamaros, ele foi preso, torturado e mantido por 14 anos sob condições desumanas durante a ditadura militar uruguaia.

Libertado em 1985 com a anistia, trocou as armas pela política institucional. Fundador do Movimento de Participação Popular (MPP), foi deputado, senador, ministro da Agricultura e, por fim, presidente da República entre 2010 e 2015.

Durante seu governo, Mujica aumentou significativamente os investimentos sociais, ampliou o salário mínimo e ficou internacionalmente conhecido por defender e implementar a legalização da maconha uma medida que dividiu opiniões, mas que consolidou sua imagem de reformador audaz.

Mas foi fora dos palácios que Mujica mais impressionou o mundo. Recusou luxos, morou em um sítio modesto, dirigia um Fusca 1987 e doava a maior parte do salário para obras sociais.

Seu estilo de vida simples contrastava com a pompa dos chefes de Estado globais e lhe rendeu o apelido de “presidente mais pobre do mundo” rótulo que ele recusava com humor, afirmando apenas “sou rico porque tenho poucos desejos”.

A causa da morte foi um câncer no esôfago, diagnosticado em estágio avançado. Desde então, Mujica estava sob cuidados paliativos. Seu legado, porém, vai muito além dos cargos que ocupou: está na esperança que despertou em milhões ao provar que é possível fazer política com ética, entrega e autenticidade.