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Laudo é finalizado e PF faz descoberta surpreendente após perícia em tornozeleira de Bolsonaro

A Polícia Federal finalizou, nesta segunda-feira (24), o laudo sobre os danos na tornozeleira eletrônica usada por Jair Bolsonaro — e confirmou aquilo que já vinha sendo ventilado desde ontem à noite: o equipamento realmente foi exposto a uma fonte de calor para ser aberto. Não foi um simples “defeitinho”, como alguns aliados chegaram a sugerir nas redes. Os peritos encontraram indícios bem concretos de que houve uma tentativa de violar o aparelho.

Uma das descobertas mais curiosas foi a presença de partículas de ferro na região queimada. Esse detalhe chamou a atenção porque a tornozeleira é feita basicamente de plástico e borracha. Então, como apareceu ferro ali? Isso reforça a suspeita de que uma ferramenta metálica — algo como um ferro de solda, por exemplo — foi encostada na caixa do dispositivo. A informação bate com o relatório anterior da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF), que já havia apontado “danos expressivos” no aparelho.

Como foi feita a perícia

A PF não economizou nos métodos. O laudo cita análise microscópica, registro fotográfico, microfluorescência de raios-x e comparação direta com outra tornozeleira intacta. Segundo o documento, as imagens mostraram marcas de queima fortes e sinais de aquecimento direcionado, como se alguém tivesse mirado exatamente na parte que segura a trava da caixa. Um segundo laudo — esse mais técnico — está sendo preparado para identificar se o circuito interno sofreu dano e qual sensor foi disparado durante a tentativa de abertura.

Até aqui, tudo bate com o que o próprio Bolsonaro relatou à Seape-DF. Ele confessou que tentou abrir a tornozeleira usando um ferro de solda. A justificativa, porém, chamou atenção e virou assunto no X (antigo Twitter) e nos grupos de WhatsApp desde o domingo: o ex-presidente disse que estava tendo alucinações e acreditou que o equipamento tinha uma espécie de escuta escondida. A fala ocorreu na audiência de custódia, realizada no domingo (23), e foi registrada oficialmente.

Médicos explicam o que pode ter acontecido

A defesa anexou ao processo um boletim médico que tenta contextualizar esse comportamento. Segundo o documento, Bolsonaro estaria sob efeito adverso de um remédio chamado Pregabalina, que é usado normalmente para convulsões e dores neuropáticas. O problema é que o medicamento poderia ter interagido com outros remédios que ele já toma — e isso, de acordo com os médicos, poderia gerar confusão mental, desorientação e até alucinações.

Os profissionais afirmam também que a Pregabalina teria sido prescrita sem o conhecimento da equipe que acompanha o ex-presidente há mais tempo. Essa parte ainda gera discussões, porque aliados passaram a questionar quem autorizou a inclusão do remédio no tratamento. De qualquer forma, o boletim ajuda a justificar a versão apresentada por Bolsonaro, embora não elimine o fato de que ele, de fato, tentou abrir um equipamento de monitoramento judicial.

Enquanto isso, o segundo laudo continua sendo elaborado pela PF. A expectativa é que ele detalhe exatamente quais sensores internos registraram a manipulação, se houve interrupção do sinal e qual foi o tempo de exposição ao calor. Esses detalhes costumam ser decisivos para o Ministério Público e para o juiz responsável pelo caso.

Por ora, Bolsonaro segue detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, aguardando os próximos passos das investigações. O clima político, que já estava tenso após os episódios recentes envolvendo militares e aliados, ganhou mais um ingrediente — e, claro, isso deve dominar o noticiário pelos próximos dias.