DESISTIU DA TAXAÇÃO? Trump manda recado para Lula, e diz q… Ver mais

Em uma declaração inesperada feita nos jardins da Casa Branca nesta sexta-feira (1º), o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode “ligar para ele quando quiser”. A fala foi uma resposta direta à jornalista Raquel Krähenbühl, da TV Globo, e gerou repercussão imediata tanto em Brasília quanto nos bastidores diplomáticos. O comentário, aparentemente informal, ocorre em um momento delicado nas relações comerciais entre os dois países, com a entrada em vigor de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros prevista para o próximo dia 6 de agosto.
Trump, conhecido por seu estilo direto e por manter uma política externa imprevisível durante sua gestão, não detalhou os motivos por trás da medida, mas apontou uma suposta má condução por parte das autoridades brasileiras. “As pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”, disse, sem citar nomes ou explicar que tipo de erro estaria se referindo. A declaração, vaga e ao mesmo tempo provocativa, deixou em aberto se o republicano estaria se referindo a decisões econômicas recentes ou a questões de alinhamento geopolítico.
A nova tarifa norte-americana, que impactará diretamente exportações agrícolas e de manufaturados brasileiros, preocupa o setor produtivo nacional. A medida poderá afetar significativamente a balança comercial entre os dois países, historicamente marcada por altos e baixos. No entanto, o gesto de Trump em “abrir uma linha de diálogo” com Lula despertou interpretações variadas. Analistas políticos avaliam se a fala foi apenas retórica ou se há uma real disposição de reaproximação — ou mesmo uma tentativa de Trump retomar protagonismo político no cenário internacional, mirando as eleições presidenciais de 2028.
Do lado brasileiro, o Palácio do Planalto ainda não se pronunciou oficialmente sobre o comentário. Nos bastidores, fontes próximas ao Itamaraty admitem surpresa e preferem adotar cautela, lembrando que Trump não ocupa mais um cargo oficial e que as decisões comerciais seguem sob responsabilidade da administração do presidente Joe Biden. Ainda assim, o impacto simbólico da fala não passou despercebido. Lula, que durante seu governo tem buscado ampliar a interlocução com líderes globais, poderá ser pressionado internamente a responder ou, ao menos, demonstrar atenção ao assunto.
O gesto de Trump também pode ser interpretado como parte de seu contínuo interesse em manter influência política sobre a América Latina. O republicano manteve laços estreitos com o ex-presidente Jair Bolsonaro e, agora, parece buscar um novo canal com o governo Lula, ainda que de maneira informal. Ao afirmar que “ama o povo do Brasil” e que “vamos ver o que acontece”, Trump adotou um tom ambíguo, mesclando cordialidade com incerteza, uma estratégia de comunicação que já utilizou em momentos decisivos no passado, como durante negociações com a China e a Coreia do Norte.
Para os setores produtivos brasileiros, o temor é que a tarifa de 50% represente apenas o início de um endurecimento mais amplo nas relações comerciais com os Estados Unidos. Exportadores de carne, soja e minério de ferro já se mobilizam para pressionar o governo federal a buscar soluções diplomáticas que minimizem os danos. Alguns representantes da indústria, porém, enxergam na fala de Trump uma possível abertura para renegociação, ainda que em um cenário paralelo ao governo atual de Washington.
Enquanto a data de vigência da tarifa se aproxima, o episódio reforça a complexidade das relações Brasil-EUA, marcadas por interesses econômicos, ideológicos e diplomáticos em constante transformação. Resta saber se Lula atenderá ao convite informal do ex-presidente norte-americano — e, mais importante, se essa ligação poderá, de fato, influenciar as decisões práticas que impactam diretamente a economia e o comércio exterior brasileiro. Até lá, o país observa com cautela mais um capítulo da sempre movimentada diplomacia com Washington.
