CONFIRMADO: Empresário que mat0u gari, acaba de… Ver mais

A cidade de Belo Horizonte foi surpreendida por um crime brutal que expôs o lado sombrio de um executivo que, até dias atrás, ocupava um dos cargos mais altos de uma grande empresa alimentícia. Renê da Silva Nogueira Júnior, 47 anos, vice-presidente da Fictor Alimentos até a última terça-feira (12), foi preso sob a acusação de assassinar o gari Laudemir de Souza Fernandes, 51 anos, durante uma discussão de trânsito na capital mineira. A repercussão foi imediata, não apenas pela frieza do ato, mas também pelo perfil do suspeito: um profissional descrito em seu currículo como alguém de “excelente capacidade de negociação e de construir relacionamento”, agora apontado como autor de um homicídio a sangue frio.
Segundo as investigações, o crime ocorreu na manhã de segunda-feira (11), quando Renê se irritou com a presença de um caminhão de coleta de lixo no trajeto que percorria. A discussão teria começado com ameaças à motorista do veículo, escalando rapidamente até que o empresário sacou uma arma e disparou contra Laudemir, que tentava apaziguar a situação. O gari, atingido, não resistiu aos ferimentos. A arma usada — uma pistola calibre .380 —, segundo o boletim de ocorrência, pertencia à esposa do empresário, a delegada da Polícia Civil Ana Paula Balbino Nogueira.
O uso da arma da esposa, guardada na residência do casal, adicionou uma nova camada à investigação. A Corregedoria da Polícia Civil determinou o afastamento imediato da delegada, que agora figura como investigada no inquérito, para apurar se houve facilitação no acesso ao armamento. Ana Paula está oficialmente afastada de suas funções e permanece à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. A situação criou um clima de constrangimento institucional e levantou questionamentos sobre a responsabilidade no armazenamento de armas de fogo, especialmente em lares de agentes de segurança.
Na esfera profissional, as consequências para Renê foram rápidas e severas. Um dia após o crime, a Fictor Alimentos anunciou sua demissão por justa causa e divulgou uma nota pública repudiando a conduta do ex-executivo. A empresa destacou que “qualquer ato de violência é incompatível com os valores defendidos pela organização” e prestou solidariedade à família de Laudemir. Fontes próximas à companhia afirmaram que a notícia gerou choque interno, já que o empresário mantinha uma imagem de liderança firme, mas equilibrada, entre seus pares.
Enquanto as investigações avançam, o luto tomou conta da comunidade e dos colegas de trabalho da vítima. O velório de Laudemir aconteceu na terça-feira (12) e reuniu familiares, amigos e companheiros de profissão. A esposa, Liliane França, visivelmente abalada, descreveu o marido como “um homem trabalhador e pacífico, que nunca buscou confusão”. A irmã, Lucileni de Souza, lamentou a “morte cruel e sem sentido” e cobrou justiça. Funcionários da limpeza urbana compareceram uniformizados, em uma silenciosa homenagem que reforçou o sentimento de união diante da tragédia.
Renê está detido no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira, em Belo Horizonte, aguardando os desdobramentos judiciais. O crime gerou indignação pública e reacendeu debates sobre violência no trânsito, porte e posse de armas de fogo, e o impacto de condutas impulsivas em situações cotidianas. A Prefeitura de Belo Horizonte divulgou nota lamentando a “violência injustificável” e ressaltou a importância do trabalho dos garis, muitas vezes invisibilizado, mas essencial para o funcionamento da cidade.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil de Minas Gerais, que busca esclarecer todos os detalhes, incluindo a origem do conflito e a possível participação indireta da esposa do suspeito. Enquanto isso, o episódio serve como alerta para a sociedade: o perfil público e a posição social não são garantias de equilíbrio ou civilidade. A morte de Laudemir expõe, de forma trágica, como a intolerância e a falta de controle emocional podem transformar uma manhã comum em uma história marcada pela violência e pela perda irreparável.
