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Bolsonaro, Braga Netto e mais 35 pessoas são indiciados por tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito

O caso segue sob investigação.

A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta-feira (21) por suspeita de envolvimento em crimes graves que incluem tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

O caso marca um momento inédito na história do Brasil, sendo a primeira vez que um presidente eleito no período democrático enfrenta acusações formais de tramar contra a democracia.

O relatório da investigação será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ministro Alexandre de Moraes o enviará para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR).

O procurador-geral Paulo Gonet avaliará os elementos reunidos pela PF, incluindo depoimentos, documentos e mensagens, antes de decidir se apresenta denúncia contra Bolsonaro e os demais envolvidos.

A decisão, no entanto, deve ser concluída apenas no próximo ano, devido à complexidade e ao grande volume de informações do caso. A investigação, conduzida pela Diretoria de Inteligência da PF, revelou um conjunto robusto de provas. Entre elas, destacam-se mensagens de celular, vídeos, gravações e a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

Um dos principais indícios foi a minuta de um decreto golpista, que previa a decretação de “Estado de sítio” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, um vídeo de uma reunião ministerial mostra Bolsonaro sugerindo ações para evitar o caos no país, caso uma reação não fosse feita antes das eleições.

Outros elementos apurados incluem diálogos golpistas e o depoimento de comandantes das Forças Armadas que confirmaram ter recebido propostas para apoiar a trama. Enquanto os comandantes do Exército e da Aeronáutica rejeitaram a ideia, o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria demonstrado apoio.

A investigação ainda descobriu planos envolvendo o assassinato de figuras-chave como Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, com estratégias e armamentos detalhados em documentos apreendidos.

A gravidade dos fatos e o envolvimento de figuras do alto escalão mostram a dimensão do caso. Se as denúncias forem apresentadas pela PGR e aceitas pelo STF, o Brasil pode enfrentar um dos julgamentos mais importantes de sua história democrática, com implicações profundas para o futuro político e jurídico do país.

Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Polícia Federal (PF) indiciou outras figuras de alto escalonamento sob suspeitas de envolvimento nos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

A lista inclui nomes de militares e políticos com forte influência durante o governo Bolsonaro, evidenciando o alcance da trama investigada. Entre os indicados está o general da reserva Walter Braga Netto, que ocupou os cargos de ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro, além de ter sido o candidato a vice-presidente na chapa derrotada nas eleições de 2022.

Outro nome de destaque é o general da reserva Augusto Heleno, que liderou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão estratégico responsável por avaliar a Presidência em questões de inteligência e segurança.

Também figura na lista o policial federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), apontou como peça-chave no aparato de segurança do governo e foi envolvido na difusão de estratégias para questionar a legitimidade do processo eleitoral.

Por fim, Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), legenda de Bolsonaro, foi indicado por sua suposta participação nas ações relacionadas à articulação golpista.