Alunos matam professor após ele descobrir que os jovens eram g… Ler mais
Uma tragédia sem precedentes abalou o distrito de Pindoguaba, em Tianguá, no interior do Ceará. O professor de matemática Gean Rodrigues Passos, de 41 anos, foi assassinado de forma brutal, após ser jogado de um penhasco de cerca de 40 metros de altura por dois alunos. O educador, conhecido por sua dedicação à profissão e à comunidade, estava desaparecido desde o dia 6 de outubro, e o caso gerou grande comoção nas redes sociais e entre os moradores da região.
Na terça-feira (7), a polícia encontrou o carro e os documentos de Gean em locais diferentes da zona rural do município, o que despertou a suspeita de um crime. As investigações avançaram rapidamente, e um adolescente de 17 anos foi apreendido. Durante o interrogatório, o jovem confessou ter participado do assassinato, indicando ainda o envolvimento de outro suspeito, que segue foragido. A crueldade do crime chocou até mesmo os investigadores, que trabalham agora para entender o que motivou tamanha violência contra o professor.
Segundo o relato do adolescente, os suspeitos levaram o corpo até um paredão rochoso e o arremessaram do alto. O local, de difícil acesso, fica em uma área conhecida por ser frequentada apenas por praticantes de esportes radicais. Após a confissão, o jovem levou a polícia até o ponto exato onde o corpo foi jogado. O Corpo de Bombeiros e o Grupamento de Resgate de Tianguá realizaram uma operação complexa para recuperar o corpo de Gean, que estava em uma fenda entre as pedras, a dezenas de metros do topo do penhasco.
De acordo com Reginaldo Ferreira, integrante da equipe de resgate, a operação exigiu o uso de técnicas de rapel e durou mais de quatro horas. “O resgate foi muito difícil, porque o corpo estava em um local de difícil acesso. É uma área rochosa, com cerca de 40 a 50 metros de altura. Começamos o resgate por volta das 10 horas e finalizamos apenas às 14h”, relatou ao G1 Ceará. A cena emocionou os moradores da região, muitos dos quais acompanharam, de longe, o trabalho das equipes com lágrimas nos olhos.
A motivação do crime ainda não foi divulgada oficialmente pela Polícia Civil. A principal linha de investigação aponta para uma possível desavença pessoal, mas os detalhes permanecem sob sigilo. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Ceará (SSPDS) informou que o adolescente apreendido responderá por ato infracional análogo ao crime de homicídio e permanece à disposição da Justiça. As autoridades seguem em busca do segundo suspeito e investigam a participação de uma terceira pessoa, que pode ter ajudado na ocultação do corpo.
A despedida de Gean Passos aconteceu na sexta-feira (10), em meio a uma grande comoção popular. Familiares, amigos, colegas de trabalho e ex-alunos se reuniram para prestar as últimas homenagens ao professor, lembrado como um homem dedicado, generoso e apaixonado pela educação. Além de lecionar matemática, Gean atuou como coordenador e diretor escolar, conquistando o respeito de toda a comunidade de Pindoguaba. O velório foi marcado por homenagens emocionadas e discursos que destacaram sua trajetória de compromisso e amor pelo ensino.
Em sinal de respeito, a Prefeitura de Tianguá decretou luto oficial de três dias e suspendeu as aulas na sexta-feira (10) e no sábado (11). Em nota publicada nas redes sociais, o município lamentou profundamente a morte do educador: “É com profunda tristeza e pesar que a Prefeitura Municipal de Tianguá lamenta o falecimento de Gean Passos. Neste momento de luto, prestamos nossas sinceras condolências e solidariedade aos familiares e amigos. Que todos possam ter conforto e força para superar esse momento de dor.”
A tragédia de Gean Rodrigues Passos não é apenas uma perda pessoal para seus familiares, mas um alerta sobre a crescente onda de violência que atinge professores e profissionais da educação no Brasil. O caso acendeu um debate urgente sobre o respeito à figura do educador e a necessidade de políticas públicas que garantam segurança e valorização aos que dedicam a vida ao ensino. Em Pindoguaba, a dor e a indignação ainda ecoam entre os moradores, que exigem justiça por Gean — o professor que ensinava números, mas deixou como maior legado a lição de humanidade.
