Notícias

Menino de 1 ano morre com perfuração nos pulmões após fazer… Ler mais

A dor da perda se mistura à revolta em uma denúncia que mobiliza familiares, pacientes e profissionais da saúde em Recife (PE). A morte de João Miguel Alves da Silva, um bebê de apenas um ano e dez meses, ocorrida após um procedimento no Hospital Geral Materno Infantil (HGMI), acendeu um alerta sobre possíveis falhas médicas e a necessidade de rigor nas práticas hospitalares.

O caso, que já chegou às autoridades, está cercado de questionamentos e promete abrir um debate sobre responsabilidade médica e protocolos em unidades de atendimento infantil.

Segundo relatos da família, João Miguel foi levado ao hospital apresentando crises de vômito.

Após exames iniciais, os médicos identificaram um quadro de pneumonia, o que motivou a internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O menino, ainda fragilizado pela doença, foi submetido a um procedimento de acesso venoso central, realizado pela cirurgiã Ila Fernandes. A decisão, no entanto, não foi bem recebida pelos parentes, especialmente pelo pai da criança, que atua como maqueiro na própria unidade hospitalar e teria alertado a profissional sobre a recomendação de que o procedimento fosse feito em bloco cirúrgico, e não em leito.

A preocupação da família aumentou logo após o procedimento. De acordo com relatos, a avó da criança foi a primeira a ver João Miguel após a intervenção e percebeu sinais de dificuldade respiratória. O quadro gerou nova avaliação médica, que resultou na indicação de intubação e na realização de exames adicionais.

A expectativa era identificar a causa da complicação, mas o diagnóstico foi ainda mais grave: perfurações nos dois pulmões e um pneumotórax, condição que compromete a respiração e coloca a vida em risco.

A descoberta levou à necessidade de uma cirurgia de emergência, novamente realizada pela mesma cirurgiã responsável pelo acesso venoso.

A família acompanhava cada atualização com angústia crescente. Cerca de seis horas depois do procedimento inicial, veio a notícia que ninguém esperava ouvir: João Miguel não resistiu às complicações e morreu. A tragédia abalou profundamente os pais, em especial Thais Paulino da Silva, mãe do bebê, que declarou viver agora sob efeito de medicamentos para suportar a perda do único filho.

Em meio à dor, os familiares decidiram buscar justiça. Um boletim de ocorrência foi registrado, e o caso está sendo investigado sob suspeita de erro médico. A família também acionou um advogado para acompanhar o inquérito e exigir responsabilização. “Era o meu primeiro e único filho.

O que aconteceu destruiu a minha família”, desabafou a mãe. O pai, que trabalha diariamente nos corredores do hospital, enfrenta uma realidade ainda mais cruel: lidar com a lembrança de que o local onde deveria haver cuidado e segurança se tornou o cenário de uma tragédia irreversível.

O hospital, administrado pela Unimed, se pronunciou em nota oficial, ressaltando que segue protocolos rígidos de atendimento e que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. A instituição não detalhou o procedimento realizado, nem comentou as acusações levantadas pela família, o que aumenta a expectativa em torno da apuração dos fatos.

Especialistas em direito médico ressaltam que a investigação será fundamental para determinar se houve negligência, imperícia ou imprudência por parte da equipe de saúde, ou se as complicações decorreram de um risco inerente ao procedimento.

O caso reacende o debate sobre a vulnerabilidade de pacientes pediátricos e a responsabilidade das equipes médicas em situações críticas.

Para muitas famílias, confiar a vida de um filho a um hospital é um ato de fé na competência profissional. Quando esse pacto é rompido, resta não apenas o luto, mas também o dever de questionar e buscar respostas. Enquanto as investigações prosseguem, a história de João Miguel deixa um alerta doloroso: a importância de se apurar cada detalhe, garantir transparência nos processos e reforçar que, em saúde, cada decisão pode ser definitiva — especialmente quando a vida em risco é a de uma criança.