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URGENTE: Infelizmente acabamos de perder ESTRELA da TV, o querido… Ver mais

O cinema mundial perdeu neste domingo (17) uma de suas figuras mais marcantes: Terence Stamp, ator britânico que conquistou fama na efervescente Londres dos anos 1960 e imortalizou-se em Hollywood como o imponente General Zod, nos filmes Superman (1978) e Superman II (1980). Aos 87 anos, ele faleceu, segundo comunicado divulgado pela família à agência Reuters, deixando uma carreira que atravessou seis décadas, repleta de papéis memoráveis e de uma presença magnética que o transformou em ícone. “Ele deixa uma obra extraordinária, tanto como ator quanto como escritor, que continuará a emocionar e inspirar pessoas por muitos anos. Pedimos privacidade neste momento de tristeza”, disse a família em nota oficial.

Nascido em 1938 no East End de Londres, em meio à dureza da classe trabalhadora, Stamp sobreviveu aos bombardeios da Segunda Guerra Mundial e desde cedo aprendeu a encarar a vida com resiliência. Filho de um operador de rebocador, largou os estudos para trabalhar em publicidade, até conquistar uma bolsa de teatro que mudaria seu destino. Sua beleza marcante e carisma natural chamaram atenção da crítica e do público ainda jovem, quando passou a ser visto como parte de uma geração revolucionária de atores britânicos que redefiniu o cinema europeu dos anos 1960.

A estreia no cinema foi arrebatadora. Stamp foi indicado ao Oscar logo em 1962 por sua atuação em Billy Budd, abrindo caminho para uma filmografia que uniria ousadia artística e versatilidade. Trabalhou com mestres do cinema como Pier Paolo Pasolini, em Teorema (1968), e Federico Fellini, no fim da mesma década. Também brilhou em Uma Estação no Inferno (1971) e, anos mais tarde, reinventou-se no papel de Bernadette, uma mulher transgênero em Priscilla, a Rainha do Deserto (1994), atuação que lhe rendeu aclamação internacional e consolidou sua imagem como intérprete capaz de unir força e sensibilidade em cena.

Além da vida profissional, sua trajetória pessoal refletia o brilho da época. Símbolo de estilo e beleza, Terence Stamp formou com a atriz Julie Christie um dos casais mais glamorosos da Grã-Bretanha nos anos 1960. Também viveu um romance com a supermodelo Jean Shrimpton e inspirou artistas como o fotógrafo David Bailey, tornando-se parte da mitologia da chamada “Swinging London”, movimento cultural que transformou Londres no epicentro da moda, da música e das artes durante aquela década.

No entanto, nem sempre sua carreira foi linear. Após perder a chance de interpretar James Bond no lugar de Sean Connery, Stamp atravessou um período de afastamento dos holofotes. Viajou para a Índia, onde se aprofundou no estudo da ioga e da espiritualidade, experiência que transformou sua visão de vida e de arte. O retorno triunfal viria em Hollywood, quando foi escolhido para interpretar o General Zod, vilão kryptoniano que desafiava Christopher Reeve nos clássicos Superman. Sua interpretação, carregada de intensidade e imponência, marcou uma geração e segue sendo lembrada como uma das atuações mais icônicas de antagonista nos filmes de super-heróis.

Mesmo após conquistar fama mundial, Stamp nunca se acomodou em papéis fáceis. Continuou a se reinventar em produções diversas, de grandes blockbusters a projetos mais autorais. Esteve ao lado de Tom Cruise em Operação Valquíria (2008), contracenou com Matt Damon em Os Agentes do Destino (2011) e emprestou sua presença magnética a obras dirigidas por cineastas como Tim Burton. Paralelamente, lançou livros de memórias e escritos pessoais, consolidando-se também como autor, sempre fiel à sua inquietação criativa.

A morte de Terence Stamp encerra uma trajetória única, mas deixa como legado uma filmografia plural, que vai da vanguarda do cinema europeu às superproduções de Hollywood. Sua vida, entrelaçada com momentos de glória, introspecção e reinvenção, reflete a história de um artista que nunca temeu arriscar. Mais do que o vilão que desafiava Superman, Stamp será lembrado como um intérprete raro, capaz de transitar entre diferentes universos artísticos e permanecer relevante por mais de meio século. Um ator que, em cada papel, entregava intensidade e verdade — qualidades que, mesmo após sua partida, continuarão vivas nas telas e na memória do público.