Notícias

CUIDADO: Mulher morre ao comer algo que comemos diariament… Ver mais

Uma nova morte por botulismo voltou a chocar a Itália e acender o alerta para os riscos de contaminação alimentar. Tamara D’Acunto, 45 anos, morreu após consumir um sanduíche contendo brócolis comprado em um food truck no sudoeste do país. O caso aconteceu poucos dias depois de outra vítima, o músico Luigi Di Sarno, 52 anos, falecer em circunstâncias semelhantes. Em comum, os dois episódios revelam um mesmo ponto de origem: a venda de lanches contaminados, preparados ou armazenados de forma inadequada, que provocaram uma grave intoxicação.

Segundo autoridades locais, Tamara chegou a ser levada com urgência para um hospital, mas não resistiu às complicações. A análise preliminar aponta que a contaminação está diretamente relacionada ao consumo do vegetal. No caso de Luigi Di Sarno, ocorrido na semana passada, o lanche incluía brócolis e linguiça e foi adquirido na orla marítima de Diamante, na província de Cosenza. Ambos os episódios ocorreram na mesma região e envolveram vendedores ambulantes.

O impacto da tragédia não se limita às mortes. Conforme noticiou o jornal britânico The Telegraph, outras 14 pessoas — entre elas dois adolescentes — também foram internadas com sintomas de intoxicação alimentar após ingerirem sanduíches semelhantes. As vítimas apresentaram quadro de mal-estar grave entre 24 e 48 horas após o consumo, período que coincide com o tempo de incubação da toxina botulínica. A coincidência dos casos reforça a hipótese de que a fonte de contaminação é única e que há falhas graves no controle sanitário dos alimentos vendidos na região.

As investigações seguem em ritmo acelerado. Até o momento, nove pessoas são formalmente investigadas pelas autoridades italianas. Entre elas estão o proprietário do food truck e três funcionários da empresa suspeita de fabricar os sanduíches. Além disso, cinco médicos que atenderam as vítimas em hospitais próximos a Cosenza também estão sob escrutínio. A acusação contra os profissionais de saúde é a de suposta negligência, já que não teriam identificado a doença e iniciado o tratamento no tempo necessário para aumentar as chances de sobrevivência dos pacientes.

O botulismo, embora raro, é considerado uma das intoxicações alimentares mais perigosas do mundo. De acordo com o Ministério da Saúde brasileiro, trata-se de uma doença neuroparalítica grave, não contagiosa, provocada pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Essa toxina pode ser ingerida através de alimentos contaminados e mal conservados, ou ainda entrar no organismo por ferimentos. O efeito é devastador: a toxina paralisa gradualmente os músculos, incluindo os responsáveis pela respiração, o que pode levar à morte se o paciente não receber atendimento rápido e especializado.

Especialistas alertam que, no caso de alimentos como conservas, vegetais cozidos ou embutidos, o risco de contaminação aumenta quando há falhas na esterilização, refrigeração ou manipulação. O brócolis, por exemplo, se cozido e armazenado em ambiente anaeróbico sem refrigeração adequada, pode criar condições ideais para a multiplicação da bactéria. Por isso, medidas rigorosas de higiene e conservação são fundamentais para prevenir tragédias como a que assola o sudoeste da Itália neste verão europeu.

Enquanto famílias choram suas perdas, o caso expõe um debate mais amplo sobre a fiscalização de alimentos vendidos em pontos de rua e eventos turísticos. Diamante, cenário do primeiro caso fatal, é conhecida por sua movimentada orla e pelo festival anual da pimenta, que atrai milhares de visitantes. O que deveria ser um ambiente de celebração transformou-se em um alerta sombrio para consumidores e autoridades. A pressão por respostas rápidas e medidas preventivas é crescente, e resta saber se as investigações resultarão em mudanças concretas na legislação e no controle sanitário — ou se novos casos ainda precisarão ocorrer para que a gravidade do problema seja tratada com a urgência necessária.