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GRANDE DIA: Bolsonaro acaba de ficar sabendo que… Ver mais

Brasília — Em um cenário que mistura diplomacia tensa e disputa política interna, a equipe do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou o tom dos ataques ao Brasil justamente na semana em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve decidir sobre o recurso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente em prisão domiciliar. A escalada verbal americana ocorre num momento delicado: o governo Lula se prepara para anunciar um pacote de contingência voltado a mitigar os impactos do chamado tarifaço imposto por Washington sobre produtos brasileiros.

Fontes ligadas ao Supremo confirmam que Moraes não pretende decidir de forma imediata. Antes, pedirá um parecer formal da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o pedido dos advogados de Bolsonaro, que solicitam a revogação da prisão domiciliar ou, em última instância, que o caso seja apreciado pelo plenário de onze ministros, e não apenas pela Primeira Turma. Essa movimentação, embora protocolar, amplia o suspense e cria espaço para maior pressão política e midiática — tanto dentro quanto fora do país.

A temperatura subiu ainda mais após declarações contundentes vindas de Washington. No último fim de semana, Jason Miller, conselheiro próximo de Trump, publicou em redes sociais que “não vai parar até que Bolsonaro esteja livre”, mensagem que ganhou repercussão imediata no Brasil depois de ser compartilhada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. Poucas horas depois, o vice-secretário de Estado americano fez duras críticas ao STF e ao governo Lula, reforçando a narrativa de interferência externa que vem sendo contestada pelo Planalto.

Para aliados de Lula, as declarações representam não apenas ingerência em assuntos internos brasileiros, mas também um risco de transformar uma questão jurídica em combustível para tensões diplomáticas. No Itamaraty, diplomatas experientes afirmam que raramente se viu tamanha frontalidade de autoridades americanas em relação a decisões do Judiciário brasileiro. O governo federal já deixou claro, de forma pública, que considera “inaceitável” qualquer tentativa de influenciar a Justiça nacional por parte de agentes estrangeiros.

Dentro do STF, a percepção é de que havia fundamentos técnicos para a prisão de Bolsonaro, principalmente por descumprimento de medidas cautelares relativas ao uso de redes sociais. Contudo, ministros reconhecem que o episódio não envolveu atos de gravidade extrema e que a manutenção da prisão preventiva pode acirrar ainda mais o clima político. A tendência, segundo interlocutores da Corte, é que Moraes consulte a Primeira Turma antes de qualquer decisão final, como forma de dividir a responsabilidade e reduzir possíveis desgastes institucionais.

Enquanto a esfera jurídica aguarda definições, o governo federal corre contra o tempo para fechar, nesta segunda-feira (11), os detalhes do pacote de contingência destinado a setores mais atingidos pelo aumento de tarifas americanas sobre produtos brasileiros. A medida de Trump, interpretada por analistas como parte de sua estratégia econômica protecionista, atinge diretamente segmentos-chave das exportações nacionais, incluindo o agronegócio e a indústria de base. Apesar da pressão de setores empresariais para uma resposta proporcional, a equipe econômica de Lula avalia que novas sanções por parte dos EUA são improváveis, e por isso optou por não adotar retaliações imediatas.

A combinação de disputa diplomática, embate jurídico e crise comercial cria um ambiente de alta volatilidade política. Especialistas alertam que, dependendo do desfecho no STF e da retórica adotada por Trump nos próximos dias, o Brasil poderá enfrentar um ciclo prolongado de tensões bilaterais e polarização interna. Para o cidadão comum, os reflexos podem ser sentidos tanto na economia — com impacto nos preços e empregos — quanto na estabilidade política, que segue à mercê de decisões tomadas a milhares de quilômetros de distância, mas com efeitos diretos sobre o futuro imediato do país.