FIM DOS TEMPOS: Mãe m@ta o filh0 a mach4d@d4s por ele não querer fazer s… Ver mais

Buriti Alegre, município tranquilo no interior de Goiás, amanheceu em choque na última segunda-feira, 5 de maio, ao ser palco de um crime brutal que interrompeu a rotina pacata de seus cerca de 10 mil habitantes. Igor, um adolescente de 17 anos, foi encontrado morto em casa, enquanto dormia, em circunstâncias que deixaram toda a cidade perplexa. O mais estarrecedor: a principal suspeita do crime é a própria mãe da vítima, uma mulher de 47 anos, com histórico de transtornos psiquiátricos. O caso, já considerado um dos mais trágicos da história recente da cidade, levanta debates urgentes sobre saúde mental, negligência institucional e os limites entre crime e doença.
A cena do crime chocou até mesmo os policiais mais experientes. Segundo relatos, vizinhos escutaram gritos vindos da residência e acionaram a Polícia Militar. Ao chegarem ao local, os agentes encontraram Igor sem vida, com ferimentos profundos na cabeça e no tórax. Ao lado do corpo, a mãe, em estado visivelmente alterado, segurava um machado de cortar lenha, que foi apreendido pela perícia. O cenário era de horror. Presa em flagrante, a mulher foi conduzida à delegacia local, onde permanece detida, aguardando os desdobramentos do processo judicial.
As primeiras investigações apontam que a acusada convivia com sérios transtornos mentais. Diagnósticos anteriores incluem depressão severa e episódios de delírio psicótico, com internações passadas em instituições psiquiátricas. A polícia trabalha com a hipótese de que ela tenha sofrido um surto na manhã do crime, perdendo completamente a noção da realidade. Esse possível desequilíbrio mental reacende discussões sobre a fragilidade do sistema de saúde pública na oferta de suporte psiquiátrico contínuo, especialmente em municípios do interior do país, onde há escassez de profissionais especializados e estruturas de acompanhamento.
No campo judicial, o caso é tratado, por ora, como homicídio qualificado — com agravantes como meio cruel e possível motivo torpe. No entanto, o andamento do processo dependerá diretamente dos laudos médicos que atestarão ou não a imputabilidade da acusada. Caso fique comprovado que ela estava em surto psicótico e incapaz de compreender a gravidade de seus atos, poderá ser transferida para uma instituição de tratamento psiquiátrico, em vez de cumprir pena em regime prisional comum. Ainda assim, especialistas em Direito Penal alertam que isso não significaria impunidade, mas sim uma abordagem jurídica condizente com a condição mental da suspeita.
A tragédia abalou profundamente a comunidade de Buriti Alegre. Igor, descrito por vizinhos como um jovem calado, respeitador e dedicado aos estudos, não tinha histórico de conflitos familiares. A ausência de registros prévios de violência doméstica aumenta o mistério sobre os fatores que desencadearam o ato extremo. Redes sociais foram tomadas por mensagens de pesar e clamor por justiça. “Uma tragédia que destruiu uma família e traumatizou uma cidade inteira”, escreveu uma moradora em luto. Escolas locais prestaram homenagens ao adolescente, e uma missa foi realizada em sua memória.
Este episódio escancara a urgência de políticas públicas eficazes voltadas à saúde mental, especialmente em cidades pequenas, onde o tratamento adequado de transtornos graves ainda é um privilégio para poucos. Psicólogos e psiquiatras alertam que, quando negligenciados, distúrbios como depressão profunda e esquizofrenia podem evoluir para surtos psicóticos perigosos — não apenas para o paciente, mas também para as pessoas ao seu redor. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Brasil carece de uma rede articulada de suporte contínuo, capaz de identificar e intervir antes que o pior aconteça.
Enquanto o inquérito avança e os laudos psiquiátricos não são finalizados, a população de Buriti Alegre tenta se recompor do abalo. A dor da perda de Igor é coletiva, mas também vem acompanhada de reflexões mais profundas: como identificar sinais de alerta em casa? O que pode ser feito quando o sistema falha em oferecer tratamento? E, acima de tudo, como impedir que outras famílias enfrentem desfechos igualmente trágicos? O crime, embora cometido em um lar, ecoa por toda a cidade, como um grito de alerta sobre os riscos do abandono à saúde mental e a urgência de agir antes que o silêncio seja rompido pelo horror.
