Michelle cai no choro e dar triste notícia sobre Bolsonaro, ele n… Ver mais

Num fim de semana decisivo para a militância bolsonarista, Michelle Bolsonaro optou por um gesto que surpreendeu até os aliados mais próximos: permanecer no Pará, ao lado de apoiadores no interior do estado, em vez de se juntar à mobilização nacional na Avenida Paulista, em São Paulo. Em um discurso carregado de emoção durante o evento do PL Mulheres em Marabá, neste sábado (2), a ex-primeira-dama afirmou que escolheu “estar com o povo” e justificou sua ausência no ato principal alegando que “não é fácil enfrentar o sistema”. A decisão repercutiu imediatamente entre lideranças do partido e nas redes sociais, onde vídeos do momento viralizaram.

A ex-primeira-dama emocionou a plateia ao falar com a voz embargada, entre fungadas e lágrimas. “Eu preferi estar aqui com vocês do que ir a São Paulo. Com certeza, meu galego está assistindo”, disse, referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que, desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), cumpre recolhimento domiciliar e usa tornozeleira eletrônica. Michelle foi amparada por colegas de partido enquanto discursava, evidenciando o desgaste emocional vivido pela família desde que Bolsonaro passou a enfrentar restrições judiciais e crescente pressão institucional.
A ausência de Michelle na manifestação da Paulista ocorre em um contexto político delicado para a direita brasileira. Esperava-se que sua presença ajudasse a impulsionar os atos em apoio ao marido, sobretudo após a nova onda de processos e investigações que fragilizaram ainda mais o ex-presidente. Contudo, Michelle reforçou a ideia de que sua luta é nacional e descentralizada. Em vez de concentrar forças em São Paulo, preferiu estar com o eleitorado do Norte, região onde Bolsonaro sempre teve forte apoio nas urnas.
Outras ausências também chamaram atenção. Os governadores Tarcísio de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG), tidos como potenciais nomes para a corrida presidencial de 2026, não confirmaram participação no evento da Paulista. Analistas avaliam que a cautela dessas lideranças reflete o receio de se vincular, neste momento, ao desgaste da imagem de Bolsonaro diante do cerco judicial, preferindo adotar uma postura mais estratégica e de distanciamento momentâneo.
Michelle, no entanto, apostou em um discurso de proximidade e resistência. Ela relembrou que, apesar de convites para se exilar nos Estados Unidos, a família optou por permanecer no Brasil. “Nós poderíamos ter ido embora, mas decidimos ficar. Isso é amor pelo povo”, afirmou, arrancando aplausos da plateia. A fala reforça sua tentativa de se consolidar como liderança feminina da direita conservadora, com apelo emocional e forte carga simbólica.
Durante o evento, um telão exibiu imagens dela em diferentes frentes de atuação: abraçando crianças, discursando com fervor e fazendo pose de força com o punho erguido. A montagem, ao estilo de campanhas eleitorais, deixou claro que Michelle não pretende apenas ser uma figura de bastidores, mas sim protagonista. “Esse carinho é o que tem nos ajudado a conseguir estar de pé. O Senhor tá vendo, né?”, disse, dirigindo-se a Deus, em uma clara alusão à sua fé cristã, outro pilar da identidade bolsonarista.
Ao manter-se no Pará, Michelle não apenas reorganizou o foco das atenções do bolsonarismo como também lançou um sinal político importante: seu capital eleitoral não depende da presença do marido. Em tempos de incerteza jurídica e disputa interna pela herança política da direita, a ex-primeira-dama se posiciona como figura viável para 2026 — seja como cabo eleitoral, seja como protagonista direta. Com ou sem a Avenida Paulista, a força simbólica de Michelle parece estar apenas começando a ser explorada pelo PL e pelos conservadores brasileiros.
