Após dizer que Preta Gil era a favor de Lula, Luiz Bacci acabou sendo de… Ver mais

A morte de Preta Gil, anunciada nesta semana, mobilizou uma onda de comoção nacional. Amigos, artistas e fãs prestaram homenagens à cantora, reconhecida por sua trajetória artística marcante, seu ativismo social e sua coragem diante da luta contra o câncer. No entanto, em meio às mensagens de pesar e reconhecimento, uma postagem do jornalista Luiz Bacci provocou indignação nas redes sociais e acendeu uma discussão acalorada sobre o uso da imagem de figuras públicas em momentos de luto.
A polêmica começou quando Bacci publicou, em seu perfil no Instagram, uma homenagem à cantora que, segundo muitos internautas, acabou ofuscada por um tom político inadequado ao contexto. Na legenda, o apresentador destacou o posicionamento político firme de Preta Gil, especialmente seu apoio declarado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e relembrou momentos em que a artista se envolveu em debates públicos.
“Preta Gil sempre se posicionou de forma clara, e era elogiada por isso, especialmente quando se tratava de política. Extremamente engajada, a cantora foi uma ativista de causas sociais relevantes, incluindo o movimento LGBTQIAPN+”, escreveu o jornalista, acompanhando o texto com uma imagem de Preta fazendo o gesto de “L” com as mãos — símbolo associado ao apoio a Lula.
Na sequência, Bacci citou um episódio de 2018, às vésperas das eleições presidenciais, em que Preta teria deixado de seguir amigos nas redes sociais e evitado contatos com pessoas de opiniões políticas opostas. “Preta tinha personalidade, ignorava críticas e seguia firme em suas convicções”, concluiu o jornalista.
Repercussão imediata e críticas contundentes
A publicação, feita no dia do falecimento de Preta, rapidamente gerou uma avalanche de críticas. Muitos usuários consideraram o tom do texto insensível e inoportuno, apontando que o momento pedia respeito e luto, não um resgate de polêmicas políticas do passado. “Logo no dia da morte de Preta Gil, você escolhe diminuir o tamanho da mulher que ela foi, tentando encaixá-la numa narrativa política rasa, como se isso definisse sua existência?”, escreveu uma seguidora. “Preta era muito maior do que qualquer rótulo. Era arte, generosidade, coragem, amor pelos amigos, força diante da dor. E você, ao invés de homenagear a vida dela, escolhe usar a morte como palco pra provocar engajamento?”, continuou a crítica.
Outros comentários seguiram o mesmo tom, e até mesmo pessoas que se declararam politicamente à direita se mostraram incomodadas com a publicação. “Eu sou de direita, mas me senti envergonhada com esse teu post. Amo a Preta e respeito a posição política dela que divergia da minha!”, declarou outra internauta. “A publicação foi infeliz, querendo polemizar nesse momento triste”, completou um terceiro comentário.
A tênue linha entre a notícia e o sensacionalismo
A postagem reacendeu um debate antigo nas redes: até que ponto jornalistas e comunicadores devem ir ao abordar figuras públicas recém-falecidas? Existe um limite entre o direito à informação e o respeito ao luto? Para muitos, o caso evidencia um problema recorrente no jornalismo contemporâneo: o uso de manchetes chamativas e conteúdos polêmicos para gerar engajamento, mesmo que isso custe empatia e sensibilidade.
Críticos mais severos acusaram Bacci de utilizar a morte de Preta Gil como um “gatilho de cliques”. Outros lembraram que homenagens devem considerar o legado completo de uma personalidade pública — artístico, humano e social — e não apenas aspectos que alimentem divisões políticas.
Legado além da política
Preta Gil foi muito além de posicionamentos eleitorais. Filha de Gilberto Gil, ela construiu sua própria trajetória na música e na televisão, com autenticidade e coragem. Foi uma das vozes mais fortes na luta contra o preconceito, especialmente em defesa da população LGBTQIAPN+. Sua generosidade, carisma e força diante da doença marcaram sua vida pública nos últimos anos.
Na despedida, o Brasil se uniu para celebrar sua existência, sua arte e sua mensagem. O episódio envolvendo Luiz Bacci deixa um alerta importante: o dever de informar deve vir sempre acompanhado de humanidade. Em tempos de redes sociais, onde cada palavra repercute em segundos, é preciso lembrar que há momentos em que o silêncio, ou a delicadeza, dizem mais do que qualquer manchete.
