MEU DEUS: Avião acaba de cair e nele estava o querido Pa… Ver mais

Na manhã de sexta-feira, o céu de Capela, interior de Sergipe, escondia mais do que nuvens passageiras. Escondia uma tragédia silenciosa que se desdobraria entre campos de cana-de-açúcar e causaria comoção no setor da aviação agrícola. Alexandre Franco Farias, de 52 anos, piloto experiente e respeitado por colegas de profissão, não voltaria para casa.
Era para ser apenas mais um voo de rotina. Alexandre, paulista de nascimento e apaixonado pelos ares, decolou com uma missão clara: realizar a aplicação de fertilizantes em uma propriedade rural contratada pela Usina Taquari. Mas, em algum ponto entre o céu e o chão, algo deu errado. O avião agrícola modelo EM-2010, pertencente à empresa R Pilau Serviços, desapareceu dos radares e, logo depois, foi encontrado caído em meio à vegetação densa de um canavial.
Um silêncio interrompido pelo impacto
A princípio, a queda da aeronave foi registrada como tendo ocorrido no município de Riachuelo. A Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP) corrigiu a informação poucas horas depois: o acidente, de fato, aconteceu em Capela, uma cidade de pouco mais de 30 mil habitantes, onde a agricultura é parte do cotidiano.
Quando as equipes do Grupamento Tático Aéreo (GTA), do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegaram ao local, não havia mais o que fazer. O Instituto Médico Legal (IML) foi acionado para remover o corpo do piloto, que morreu no impacto.
Mas o que teria provocado a queda? As respostas ainda são incertas — e estão envoltas em uma névoa de possibilidades técnicas e humanas.
Investigação com os olhos voltados para o céu
A Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), foi imediatamente acionada. Investigadores especializados realizaram os primeiros procedimentos no local, com o objetivo de compreender o que teria causado o acidente.
Em nota oficial, a FAB informou que o tempo de apuração do caso dependerá da complexidade dos elementos envolvidos. Não se sabe ainda se foi uma falha técnica, erro humano ou um fator externo que comprometeu o voo. O relatório final, segundo o órgão, será publicado no site do CENIPA assim que todas as análises forem concluídas.
Enquanto os especialistas vasculham destroços em busca de respostas, uma família mergulha no luto.
Uma despedida antecipada
A empresa responsável pela aeronave, R Pilau Serviços, afirmou que toda a documentação do avião estava regular. Destacou ainda que Alexandre era um piloto experiente, com ampla atuação no setor agrícola. Profissional cuidadoso, respeitado e querido por sua conduta ética e técnica impecável.
A esposa do piloto, abalada, está a caminho de Sergipe para realizar o reconhecimento do corpo. Alexandre será sepultado em sua cidade natal, Presidente Prudente, no interior de São Paulo, onde parte de sua história começou — e onde agora será encerrada.
Usina Taquari e o lamento de uma fatalidade
A Usina Taquari, contratante da operação, também se manifestou. Em nota, lamentou profundamente o acidente e informou que acionou imediatamente as equipes de emergência ao tomar conhecimento da queda. A usina ressaltou que todos os protocolos de segurança foram seguidos e que está colaborando com as autoridades durante a investigação.
Um homem, um avião, e o vazio deixado nos céus
O acidente envolvendo Alexandre Franco Farias reacende uma discussão muitas vezes esquecida: os riscos diários enfrentados pelos pilotos da aviação agrícola no Brasil. Não são apenas operadores de máquinas voadoras — são trabalhadores que lidam com condições adversas, baixa altitude, obstáculos invisíveis e decisões que precisam ser tomadas em segundos.
Alexandre era um desses heróis discretos, que cruzavam o céu ao amanhecer para garantir o funcionamento do agronegócio brasileiro. Mas nessa manhã em Capela, o voo não teve pouso.
Agora, resta a espera pelas respostas — e o luto por uma vida interrompida no ar.
